Pesquisa
Alunos da Anhanguera anunciam projeto que reduz custo com combustíveis
Luís Eduardo Machado e Naiara da Silva Larroza buscam parceiros para bancar dispositivo
Paulo Rossi -
Um projeto desenvolvido por acadêmicos da Faculdade Anhanguera, em Pelotas, promete reduzir o consumo de combustíveis em até 65%, além de diminuir, claro, a produção de gás carbônico. Um ano depois de testes com carros e caminhões, alunos de Engenharia Mecânica agora buscam investidores que queiram virar parceiros na confecção do gerador de hidrogênio. A intenção é de que o equipamento funcione como um periférico a ser instalado na admissão. É uma condição que permitiria o funcionamento do sistema tanto em veículos com injeção eletrônica quanto com carburador. Bastariam ajustes.
A fase é de formalização do projeto. Os estudantes já oficializaram a ideia em cartório e também encaminharam pedido à sede do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em Porto Alegre, responsável por reconhecer marcas e patentes. Não há, entretanto, previsão de receberem o registro.
O desafio - adiantam os idealizadores - é a redução de custos. Como até agora, Luís Eduardo Machado, 30, e Naiara da Silva Larroza, 33, só confeccionaram os protótipos utilizados nos testes, os valores estão bem acima do que o acessório deverá atingir no mercado, já que foram realizadas compras isoladas de materiais, como chapas de inox. “Os custos, hoje, não baixaram de R$ 2 mil porque até termos certeza de que iria funcionar, fomos fazendo ajustes e trocando peças e materiais”, conta o pelotense.
E ao conversar com o DP, no laboratório de estudos de Mecânica de Fluídos, Machado admitiu: a rotina da família e a preocupação do pai com os preços do diesel - para rodar com o caminhão - serviram de incentivo para se debruçar sobre os planos, que unem queda no consumo de combustíveis à preservação ambiental. O uso do gerador de hidrogênio na frota do transporte coletivo também serve de motivador, embora nenhum teste tenha ocorrido com ônibus. A expectativa é de que o dispositivo pudesse, no futuro, influenciar nos custos do serviço e ajudar a evitar reajustes tão pesados ao bolso do usuário.
Como vai funcionar
#O equipamento será conectado à admissão e não à injeção eletrônica. Do contrário, o hidrogênio teria de se transformar no combustível do veículo; algo que seria extremamente arriscado devido às possibilidades de explosão.
# O gerador, que funcionará como um catalisador, aumenta a eficiência da combustão, isto é, eleva a eficiência da queima do combustível, que deixa de ser desperdiçado.
# Na prática, a redução no consumo do combustível pode variar de 30% a 65%, conforme o modelo, a potência do motor e a velocidade empregada pelo condutor.
# Para funcionar, o dispositivo irá utilizar parte da energia produzida pelo alternador, que abastece a bateria e supre a necessidade de acessórios, como rádio, alarme e ar-condicionado. A “sobra” será canalizada ao gerador; ligado e desligado junto com o veículo.
# Um componente eletrônico fará com que a sonda de lambda - sensor de oxigênio - mantenha a leitura original, independentemente da entrada do hidrogênio. Do contrário, o sistema de injeção eletrônica poderia entender como ar demais e, ao invés de reduzir o consumo, cresceria a quantidade de combustível enviada ao motor.
# O funcionamento do gerador irá reduzir a queima de óleo e, então, interferir no sistema de refrigeração. É algo positivo e elevará o rendimento do óleo em cerca de dois a três mil quilômetros. Como também irá aumentar o torque do motor, entretanto, não é possível afirmar em quanto tempo ocorreriam desgastes. “Embora não tenha dados científicos para afirmar, os meus oito anos atuando com manutenção mecânica, me permitem afirmar que a diferença no desgaste do motor deve ser irrisória”, ressalta Eduardo Machado.
Conheça o equipamento
# A caixa de metal com placas de inox, imersas em água, funcionará como célula de eletrólise; que é todo processo químico não espontâneo provocado por corrente elétrica.
# O gás hidrogênio gerado a partir desse processo químico vai, então, para o filtro, onde é misturado a minerais - que os idealizadores preferem não revelar - e a mais água. Nessa fase são eliminados os resíduos da eletrólise e sai apenas o gás, que passa a ser encaminhado à admissão do veículo.
# Quando instalado, o equipamento contará com um display, a ser colocado no painel, com informações, como a temperatura do gerador, a quantidade de hidrogênio que está sendo produzida, além da média de consumo instantânea. Neste momento, o acessório complementar está em fase de desenvolvimento.
Saiba também
# Depois de rodar uma média de oito a dez mil quilômetros, a água - essencial para o processo químico ocorrer e gerar o gás hidrogênio - precisará ser reposta. Se for água destilada, por exemplo, o dono do veículo teria condições de, simplesmente, repor o líquido, sem necessidade de ajustes. No caso de ser água da chuva ou água reutilizada, o melhor será contar com assistência técnica - disponibilizada pelos idealizadores - para verificação de ácidos e bases. Do contrário, a eficiência do gerador pode ficar comprometida.
# O tamanho e o formato do gerador irão depender do tipo de veículo em que será instalado e da existência de parceiro - financiador - a unir-se ao projeto. Há viabilidade técnica para as variações.
# O número de placas e a quantidade de água também estão diretamente relacionados ao desempenho do gerador.
Entenda melhor
# A tendência é de que o gerador traga maior rendimento dentro da cidade em função da quantidade de vezes em que a borboleta abre e fecha e acaba puxando mais ar e hidrogênio. A lógica está diretamente relacionada à velocidade variável e ao número de vezes em que o condutor troca de marcha e altera a velocidade; algo que pouco ocorre nas estradas.
# Os veículos mais antigos, que não dispõem de injeção eletrônica, também podem contar com o gerador. Os carros dependem de regulagem do carburador e caminhões e ônibus precisam passar por regulagem na bomba mecânica; o que deve custar aproximadamente R$ 2 mil. É um investimento alto, mas conforme a quilometragem a ser percorrida, rápido o investimento será recuperado devido à economia de combustível; um dos principais custos tanto do preço do frete quanto das tarifas desembolsadas pelos passageiros.
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